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Foto do escritorLuiz Ottoni

3 dicas de Sherlock Holmes para você melhorar seus estudos!

Sherlock Holmes é um detetive tão excêntrico que conseguiu formular uma maneira única de ver a realidade. Neste texto eu vou te dar 3 dicas, baseadas na metodologia desse invetigador, que te mostrarão como estudar História de maneira muito mais eficiente. Espero que goste!

Estudar História assemelha-se muito ao trabalho de um detetive. Precisamos enxergar uma situação, identificar o que ocorreu e começar a levantar hipóteses para como e porquê aquilo poderia ter ocorrido.


Assim como um bom detetive, um bom estudante de História precisa saber desvincular as suas paixões e limpar as suas lentes de um sentimentalismo barato que o faz enxergar de maneira turva.


Quando o assunto é investigação, existe um personagem de romances que pode nos ajudar, seu nome é Sherlock Holmes, o maior detetive de todos os tempos.


O romance escrito por Arthur Conan Doyle tem a maior parte das suas histórias narradas por Watson, um médico que começa a morar com Sherlock Holmes e vira seu parceiro nas aventuras criminais.


Watson dedica parte do seu tempo em anotar e narrar todos os feitos de Sherlock, lendo esses casos, é possível tirar lições significativas que podem ser aplicadas também no trabalho de um estudioso da História. Vamos ver 3 delas neste artigo.


1- Não deixe o sentimentalismo te atrapalhar.


A história lida com questões humanas muito vivas, por isso, tendemos a nos identificar com o objeto de estudo e a considerar alguns questionamentos como ofensivos. Porém, como pontua Ortega y Gasset, ao fazer uma teoria nós precisamos ter uma leveza que nos permite elaborar todo e qualquer questionamento.


O momento de colocar essas hipóteses em cheque não pode estar comprometido com o resultado final, ele precisa ser livre. Daí você parte para um próximo passo que Karl Popper costumava colocar como passo essencial do pensamento científico: tentar provar que a sua teoria está errada.


Isso mesmo. Ao invés de tentar a todo custo mostrar que você está certo, você tentará bater nas fraquezas do seu argumento justamente para ver se ele realmente aguenta as objeções e se sustenta.


O processo de formulação das hipóteses precisa ser livre, sem amarras morais ou coisas do tipo. Os erros e equívocos da hipótese serão revelados na formulação da teoria, onde você atacará a sua própria hipótese para ver se ela resiste ao rigor dos questionamentos.


Não tome a sua primeira ideia como verdadeira e evite se apaixonar por ela. Trate ela como uma hipótese comum e submeta a um “tribunal do júri mental”, se ela sobreviver, a partir daí pode começar a ser levada a sério.


Sherlock Holmes, quando analisa um crime, costuma dizer que “ao eliminar todas as possibilidades, o que sobra é a verdade”. Isso pode ser aplicado no ofício de um estudante de História, não tenha medo de fazer conjecturas e criar hipóteses por mais fantasiosa que elas pareçam, o importante é que, depois de criadas, elas passem por todo o rigor do método que tenta provar que elas são falsas.


Uma questão muito forte hoje em dia são as ideologias. Alguns moralistas tentam determinar aquilo que pode ou não ser pensado, na universidade, a ideologia que predomina é um esquerdismo muito infantil e extremamente reativo. Porém, esse mesmo erro acontece em alguns movimentos de direita ainda não tão presentes nesse meio.


Enfim, evite essas duas coisas e tente se despir das influências pessoais e sentimentais que te cegam. Isso é possível fazer de maneira plena? Não! Mas só de evitar, você estará com uma clareza de análise maior do que grande parte das pessoas. Veja o trecho onde Sherlock Holmes trata disso:


“É muito importante não deixar que as características pessoais influenciem o nosso julgamento. Para mim, um cliente é uma unidade, apenas um dado do problema. Os fatores emocionais são adversários da clareza de raciocínio. Eu asseguro-lhe que a mulher mais encantadora que já conheci foi enforcada por ter envenenado três criancinhas para receber o seguro de vida. E o homem mais repelente que conheço é um filantropo que já gastou quase meio milhão com os mendigos de Londres.” (Sherlock Holmes em “O Sinal dos Quatro”)


É claro que o Sherlock acaba sendo extremamente prático e calculista e, no estudo das humanas, é necessário saber perceber e analisar a subjetividade. Por isso, não confunda evitar o sentimentalismo com evitar os sentimentos.


Os sentimentos são essenciais pois eles fazem parte de uma subjetividade que está presente em cada pesquisa. Afinal, você precisa escolher de qual ponto começar e essa escolha é carregada de subjetividade.


Porém, o sentimentalismo é quando eu reajo aos meus sentimentos mais primitivos ao invés de racionalizar a realidade. Ignoro hipóteses com chances de serem verdadeiras, simplesmente porque elas ferem meus sentimentos. Fuja disso.


2- Domine a arte da dedução!

Além do domínios das técnicas científicas que permitem que Sherlock Holmes identifique várias evidências em uma cena de crime, este esplêndido detetive dedica grande parte do seu tempo a criar hipóteses.


Essas hipóteses nada mais são que curtas narrativas que dão sentido àquele monte de evidências identificadas.


Quando você vai estudar História, uma grande quantidade de fontes podem aparecer testemunhando o ocorrido. Porém, elas por si mesmas não possuem sentido. Aí entra o trabalho do historiador e porque ele parece tanto com o de um detetive.


Você analisa as fontes e cria uma narrativa que faça sentido segundo elas. Porém, ao construir essa hipótese, precisa testá-la de maneira a provar que ela está errada. Caso sua argumentação sobreviva aos testes, muito provavelmente ela faz sentido e se aproxima do que de fato ocorreu.


Uma outra possibilidade, que é uma das habilidades mais fundamentais da arte da dedução, é conseguir analisar um ocorrido retroativamente, ou seja, após ver as consequências de um fato, você começa a destrinchá-lo de maneira retroativa para entender o que levou aquilo a acontecer.


Pense na abolição da escravidão, ela é a consequência de várias coisas. Suponha que um estudante de História queira estudar isso. Bem, a capacidade de ir voltando o processo é essencial para que ele entenda como esse desfecho veio a acontecer. É um raciocínio retroativo que fará de você um ótimo investigador.


“De modo geral, quando se descreve a algumas pessoas uma série de acontecimentos, elas são capazes de imaginar qual o resultado provável. Mentalmente, alinhavam esses acontecimentos e assim conseguem deduzir o que poderá acontecer em consequência. No entanto, há um número reduzido de pessoas que, se informadas de um resultado, têm a capacidade de dissecá-los interiormente e deduzir que conjunto de fatores levou a esse resultado. É a essa faculdade que me refiro quando falo em raciocínio retroativo ou analítico.” (Sherlock Holmes em “Um estudo em vermelho”)


3- Saiba onde focar a sua energia


"O mundo está cheio de coisas óbvias que por acaso ninguém observa”, já diria Holmes. E a verdade é que às vezes a chave para entendermos um acontecimento histórico está bem na nossa cara, mas acabamos perdendo tempo com coisas menos importantes.


Nunca é possível estudar e levar tudo em consideração com a mesma energia, você precisa selecionar e recortar aquilo que mais impactou no processo.


“É da maior importância na arte da dedução saber distinguir, entre vários fatos, quais os triviais e quais os decisivos. Do contrário, a energia e a atenção se dispersariam em vez de se concentrarem.” (Sherlock Holmes em “Os Senhores de Reigate”)


Otimizar o seu trabalho é algo essencial! Agora, com essas dicas do maior detetive de todos os tempos, espero que seus estudos tragam mais resultados.


Quero deixar claro que aqui não quis ensinar e nem criar qualquer forma de historiografia, é apenas um método de estudos em história que pode ser útil para estudantes em geral e que se baseia em alguns conceitos de pesquisa.


Deixe o seu comentário e, se for da vontade de vocês, posso trazer mais lições do nosso amado Sherlock Holmes.


Autor:


Luiz Ottoni - Professor de História graduado pela UFMG e produtor de conteúdo educacional na Beduka e Potencial Biótico.


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