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Guerra e o Apogeu da Monarquia

O início do período que o historiador José Murilo de Carvalho chamou de “Apogeu da Monarquia”, se deu no ano de 1850.


E já em seu início trouxe uma novidade que foi a conciliação da Coroa com o Partido Liberal, responsável por fazer a Revolução de 1842.


Essa reconciliação fez com que a partir daquele momento, o domínio conservador fosse substituído por um revezamento no poder entre conservadores e liberais.


Essa nova estrutura política deu um maior equilíbrio de forças ao Brasil. Porém, foi interrompida por um dos acontecimentos mais marcantes do Segundo Reinado, a Guerra do Paraguai. 


Como começou a Guerra do Paraguai?


Os antecedentes da Guerra do Paraguai começam na Guerra Civil do Uruguai em 1863. Dois grupos disputavam o poder neste país: os colorados e os blancos. 


Os brasileiros possuíam cerca de 30% das terras do Uruguai correspondiam a 10% da população do país. 


Ou seja, a relação entre os habitantes do Rio Grande do Sul e o Uruguai eram intensas, e os sul riograndenses pressionavam o governo brasileiro para se envolver na guerra contra os blancos que, após a vitória nos conflitos, adotavam políticas de nacionalização das fronteiras.


Com a moral internacional alta após a vitória na questão Christie, o Brasil interveio na guerra ao lado dos colorados, fazendo com que eles virassem o jogo e tomassem o poder no Uruguai, sendo colocado no poder Venancio Flores.


Uma potência próxima a esse país se sentiu desrespeitada, o Paraguai. Também sentiu-se ameaçado pela influência do Brasil agora na região do Rio da Prata. 


Esses fatores se somaram a visão imperialista do ditador paraguaio Solano Lopez que se enxergava como uma espécie de Napoleão da América do Sul. 


Em dezembro de 1864, a marinha paraguaia aprendeu o navio brasileiro Marquês de Olinda, que conduzia o presidente da província do Mato Grosso.


Em sequência, uma expedição paraguaia desembarcou na cidade de Coimbra, no Mato Grosso e invadiu o território brasileiro.


Enquanto toda essa tensão acontecia, a guerra no Uruguai continuava a todo vapor e os blancos solicitavam ajuda aos paraguaios devido à força dos colorados após o apoio brasileiro.


Assim, o Paraguai pediu aos argentinos que permitisse que esse apoio fosse transportado passando pelo seu território, pedido que foi negado.


Diante da recusa, Solano Lópes mandou seu exército atravessar a Argentina do mesmo jeito, o que foi considerado uma invasão ao país. 


Erro tático de Lópes que obrigou a Argentina, que até então se colocava como neutra no conflito, a se aliar ao Brasil. 


Em maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai assinam o Tratado da Tríplice Aliança onde se comprometem a enfrentar juntos o Paraguai. 


Algum país apoiou o Paraguai na guerra?


Não, os países que se ofereceram para interferir propunham um acordo de paz. Peru, Bolívia e Estados Unidos, mas sem o interesse da Tríplice Aliança, nada foi para a frente. 


O início da guerra foi de domínio quase total da Tríplice aliança, mas o que parecia que seria um conflito mais rápido, se estendeu. 


A derrota dos aliados na batalha de Curupaiti em setembro de 1866 marcou o início de uma crise.


A Argentina teve que deslocar seus comandantes e tropas para dentro do próprio país pois acabara de estourar um conflito civil.


No Brasil, a população já demonstrava suas insatisfações com a questão econômica, os distúrbios sociais e os recrutamentos. 


Porém, com o afastamento do Uruguai e da Argentina da guerra para resolver suas próprias questões, o Brasil ficou com a maior parte da responsabilidade.


A guerra foi muito sangrenta, os dados mostram de perda de cerca de:


  • 300 mil paraguaios

  • 100 mil brasileiros

  • 30.000 argentinos

  • 10 mil uruguaios


Quando o Brasil conseguiu o controle sobre a capital do Paraguai, muitos defenderam que ali marcava o fim da guerra. Uma dessas pessoas, era o próprio comandante das tropas brasileiras, Duque de Caxias.


Porém, Dom Pedro II insistiu que fosse cumprido o tratado da Tríplice Aliança que colocava como condição para o fim da guerra a prisão de Solano López. 


Caxias abdicou da liderança do exército e voltou para o Brasil. As tropas passaram a ser comandadas por Conde d’Eu, marido da princesa Isabel.


Como Solano Lópes seguiu resistindo e fugindo para o interior do Paraguai, os brasileiros iniciaram uma verdadeira caçada.


Até que em março de 1870, Solano Lópes foi morto na batalha de Cerro Corá com uma lança enfiada em seu peito pelo cabo Chico Diabo.


Esse acontecimento marcou o fim da guerra. Os soldados do exército voltaram ao Brasil com a expectativa de serem recebidos como heróis da pátria.


E por mais que a população e o governo fizessem diversas comemorações, a realidade ia caminhando de forma diferente.


Com medo do protagonismo militar na política, o governo começou a retaliar militares que participavam do debate público.


O governo também não melhorou as condições dos soldados que recebiam soldos muito baixos.


Soldados que eram ex-escravos, voltaram da guerra e viram as suas famílias continuarem na condição de escravidão, enquanto Conde d’Eu acabava com a escravidão no Paraguai.


Ou seja, depois da guerra, o governo entrou em franca oposição com os militares, além de ter visto entrar em desordem aquela conciliação política que mencionei no início do artigo.


Essas duas coisas foram cruciais para a queda da monarquia, mas isso contarei no próximo artigo.


Luiz Ottoni

Historiador

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