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O Brasil era um grande avião sem piloto!

Neste texto vai a minha opinião! Não leia ele como uma tese científica, mas como uma conversa de bar. Onde eu coloco uma análise histórica na qual tenho motivos para acreditar, mas que ainda não tive tempo e energia para fundamentar.

Antes de 1808, o Brasil era um grande avião sem piloto. Uma máquina com todas as condições de se tornar algo, mas sem uma mente especializada capaz de mobilizar esses recursos para levantar voo.


Como bem salientou o professor Fernando Novaes, ao final do período colonial a economia brasileira já estava bastante vigorosa e complexa. Os números da exportação de commodities impressionavam. A lógica colonial havia sido invertida, ao invés da colônia depender da metrópole, era a metrópole que dependia da colônia.


Contudo, não havia uma liderança política capaz de defender os interesses desse sistema e muito menos representar o país em questões internacionais. A bem da verdade, mal havia essa noção de país. Muitos historiadores costumam dizer que o Estado do Grão Pará e Maranhão era mais próximo de Portugal do que do Rio de Janeiro. Assim sendo, do ponto de vista político a metrópole era quem dava as cartas do jogo.


Com a vinda de Dom João, o Brasil passou a ser e a ter um centro político. A ser um centro político do império português, já que o rei estava aqui e a ter um centro político próprio, já que possuía a cidade do Rio de Janeiro onde ficava a Corte.


Pense bem, antes de todo esse movimento, os brasileiros pagavam impostos que mantinham funcionários públicos em Lisboa. Esses salários eram gastos por lá, era uma verdadeira transferência de renda. Com a vinda de Dom João, precisou-se trazer parte da burocracia portuguesa e criar uma nova aqui, assim sendo, os salários seriam gastos no Rio de Janeiro.


Pessoas com alto poder aquisitivo gastando dinheiro? É claro que isso atraiu outros comerciantes, afinal, era melhor vender cocada no Rio do que em uma vilazinha do interior.


De comerciante em comerciante, a cidade se enriqueceu e cresceu. Ela passou a ser a cidade central do país e a atrair mentes de outras províncias. Era uma transição onde o Rio de Janeiro tornava-se o verdadeiro centro de referência para o Brasil e não mais a distante Lisboa.


Junto dessa burocracia, voltaram muitos brasileiros que haviam ido ganhar a vida ou estudar na Europa, afinal, todos queriam agora estarem próximos ao rei. Esses brasileiros que agora aqui viviam, envolveram-se com a política e com a criação das faculdades e escolas superiores. Essa aglomeração de pessoas no Rio de Janeiro acabava promovendo encontros em tabernas e circulação de ideias.


Primeiro a transformação ocorria na mente das pessoas e depois na prática. Toda a articulação política da Independência e da Formação do Brasil ganhou força neste momento.


Lendo este texto, pode ser que você esteja pensando que eu afirmarei que Dom João era o piloto que faltava ao Brasil, mas não, o piloto não trata-se de uma pessoa, mas de um grupo de pessoas letradas que, com a vinda da Corte, retornaram ou se formaram no Brasil e compuseram a Elite política que foi capaz de desenhar os rascunhos da unidade nacional e pincelar o que seria o futuro quadro da Independência.


O Capital financeiro, sem o capital cultural, era uma massa amorfa que expandia-se, mas sem direção e estratégia. Com a vinda de cérebros para o Brasil, isso mudou. Ao ponto daquele aglomerado de províncias começar a dar lugar a uma Nação.


Essa é uma grande lição para todos nós, seja você um empresário, político, estudante ou qualquer outra coisa. Grandes projetos não podem dar certo apenas com dinheiro e estrutura, tudo isso precisa ser realocado dentro de um plano e de uma estratégia.


Sem mentes capazes de calcular o próximo passo, todo esforço é em vão. Goste ou não, o que permitiu a Independência do Brasil foi uma elite intelectualizada capaz de articular os recursos e lidar com as circunstâncias.


Essa elite foi quem viu um avião sem piloto e decidiu que era hora de entrar e tomar o controle da cabine. Apesar da viagem turbulenta e de muita gente ter se ferido, a coisa foi feita.


Autor: Luiz Ottoni - Professor de História e TikToker.

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