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O Fim da Monarquia

Existem muitas narrativas do motivo da monarquia ter acabado no Brasil. Algumas são falseadas para tentar defender uma visão mais monarquista.


E outras são falseadas para tentar pintar a monarquia como uma tirania que precisava ser derrotada.


Aqui nós não vamos nos deixar levar por nenhum desses dois vícios, afinal, queremos investigar o tema com a sobriedade que um estudioso precisa ter. 


A Guerra do Paraguai que vemos na aula anterior, ela precisa ser entendida como um momento crucial da monarquia brasileira. Por alguns motivos, vamos por parte.


No ano em que ela acaba, é lançado o manifesto do Partido Republicano de 1870. Essa fundação do partido, se pautou em uma insatisfação de políticos liberais com a coroa.


Eles defendiam um aumento no federalismo e sentiam que as suas propostas não iam para frente no regime monarquista. Então acabaram vendo na República uma solução.


Essa ideologia republicana e liberal ganhava muita força nas cidades e na opinião pública. E o Brasil vivia um momento de urbanização e crescimento populacional, fato que fica evidenciado pelo expressivo aumento da população de 7 milhões de habitantes em 1850 para 18 milhões em 1900.

 

Jornalistas, intelectuais, profissionais liberais, se seduziram pela tese republicana. Mas ainda sim, dentro desse jogo democrático, o apoio ao republicanismo era muito menor do que o apoio dado aos partidos tradicionais que defendiam a manutenção da monarquia.


Era evidente para os republicanos que pela via do voto, dificilmente a República iria prosperar. Então qual seria a alternativa?


A tomada de poder por uma revolta necessita de revoltosos fortes o suficiente para pressionarem o poder. Era o que aconteceu em 1831 com a queda de Pedro I.


E qual grupo possuía força para isso? Os militares.


O republicanismo já fazia sucesso entre os militares, principalmente os jovens estudantes, por conta da popularização do positivismo dentro das casernas.


Um professor se destacou como o grande mensageiro do republicanismo no meio militar: Benjamin Constant. Homem letrado, que chegou a ser até professor particular das filhas de Dom Pedro II. 


Ele movia centenas de alunos ávidos por assistirem a sua aula e ganhou o respeito de todo o movimento republicano e dos militares, inclusive do herói nacional, Deodoro da Fonseca.


Apesar de amigo pessoal de Dom Pedro II, Deodoro da Fonseca tinha evidentes ambições políticas. Ambições essas que não se concretizaram pelo voto.


Em 1887, Deodoro da Fonseca se candidatou ao senado pelo Rio de Janeiro e ficou em último lugar nas votações. Isso mostrou claramente o seu interesse na política nacional. 


Deodoro foi visto pelos movimentos republicanos, como uma peça chave, como alguém capaz de liderar uma conspiração poderosa contra a monarquia.


A crise entre exército e governo aumentava de maneira vertiginosa. Politicamente, esse foi o maior erro do reinado de Dom Pedro II, eles não sabiam como lidar com os militares.


Um outro tema chamava a atenção: a abolição da escravidão. 


Desde o início do século XIX, a escravidão era uma das principais pautas no Brasil.


Primeiro o movimento pelo fim do tráfico de escravos que teve a sua concretização com a aprovação da Lei Eusébio de Queirós em 1850.


Segundo o movimento pelo fim natural da escravidão que teve a sua concretização com a aprovação da Lei do Ventre Livre em 1871.


E por fim, o movimento abolicionista de fato que contou com grandes nomes como Joaquim Nabuco, André Rebouças, Dragão do Mar e José do Patrocínio.


Esse movimento agiu de maneira articulada nos mais diversos setores da sociedade. No âmbito da cultura, da justiça, do debate público, das manifestações de rua, das resistências escravas e da política partidária.


Também é um movimento que contou com o apoio de abolicionistas estrangeiros e lutou para conseguir apoios públicos da monarquia brasileira.


Só que naquela época, não entendesse a monarquia como uma peça política. A ideologia reinante é de que ela era apolítica. Por isso eles não poderiam opinar de maneira tão clara sobre temas sensíveis.


Dom Pedro II era contrário à escravidão, coisa que pode ser constatada em seus diários. Ele também chegou a responder publicamente diplomatas franceses de que era favorável ao fim da escravidão. Essa resposta virou até peça de propaganda dos grupos abolicionistas.


Contudo, isso são declarações pequenas. O posicionamento da coroa mais favorável à abolição, ficou mais claro com as ações da Princesa Isabel que chegou a doar dinheiro para a causa no chamado Engenho do Leblon.


A aprovação da Lei Áurea pelo congresso e a assinatura da princesa, foram entendidas como um ataque à propriedade dos grandes ruralistas. Muitos decidiram então se voltar contra a monarquia, alguns se tornando republicanos de ocasião.


Essa fusão entre grupos econômicos que deixaram de apoiar a monarquia, somada aos militares convencidos do republicanismo e dos militares insatisfeitos com a forma com que o governo lidava com a questão militar, gerou o ambiente perfeito para o golpe do dia 15 de novembro de 1889.


Luiz Ottoni Historiador


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