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O que foi a Política dos Governadores?

A Política dos Governadores ou Política dos Estados foi uma estratégia adotada no Governo do Campos Sales (1898 - 1902) para reforçar a posição do Presidente da República. O presidente aliava-se aos governadores e as suas bases no congresso, fazendo com que eles participassem do governo e recebessem verbas. Em troca, recebia o apoio local desses políticos, fazendo com que o Brasil fosse liderado por políticos fisiológicos, principalmente de Minas e de São Paulo, que se perpetuavam no poder.

Em 1891, quando o Brasil ganhou a sua primeira Constituição Republicana, ela garantiu a autonomia dos Estados. Assim, eles poderiam tomar decisões sobre políticas sociais e econômicas sem depender da União.


Isso fez com que o presidente Campos Sales, que sucedeu governos extremamente instáveis, como o de Prudente de Morais, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, criasse uma nova estratégia em prol da governabilidade.


Partindo do seguinte pressuposto: “[...] e, todas as lutas, procurei fortalecer-me com o apoio dos Estados, porque - não cessarei - de repeti-lo é lá que reside a verdadeira força política.” Campos Sales


A partir daí, a coisa começou a se desenhar naturalmente. O presidente se elegia através de um conchavo político entre as lideranças dos Estados, principalmente São Paulo e Minas que possuíam mais população e consequentemente mais deputados. Essas lideranças locais, dando governabilidade ao presidente, recebiam verbas e favores.


A verdade é que esses políticos formavam uma aristocracia que vivia dos privilégios concedidos por sua majestade o Presidente da República.


Aquela forma de governo que prometia tornar todos iguais, apenas mudou a origem da aristocracia, não advinda mais de títulos nobiliárquicos ou de família, mas sim das urnas constantemente fraudadas.


A política dos governadores passou a ditar a tônica da política nacional. Era conhecido entre essas elites a misteriosa regra de ouro, onde cabia ao presidente orientar a escolha do seu sucessor, mas ele não podia impor isso. Devia haver negociação com as elites regionais.


Assim, esse grupo se perpetuava no poder graças a conchavos, muito dinheiro público, voto de cabresto, fraudes eleitorais e todo tipo de vício que vem com um fisiologismo político de um sistema que de República só tinha o nome.


Não à toa Rui Barbosa se expressou: “Toda a política brasileira, hoje, outra coisa não é que um vendedouro de consciências.” Rui Barbosa


É isso que era a política nacional neste momento e é isso que continua sendo. Infelizmente, ano após ano, perpetua-se no poder grupos políticos que se mantém através das mais duvidosas práticas.


Quando não recorrem a crimes, recorrem a imoralidades impossíveis de serem praticadas por um sujeito que tenha índole.


Nas últimas duas décadas, pelo menos dois salvadores da pátria prometeram restaurar o sistema e expurgar essa política fisiológica. Resultado?


Tornaram-se líderes do próprio sistema e foram/está sendo sustentados por ele.


A decepção de Rui Barbosa recebe coro da decepção de todos os brasileiros que tinham a esperança de ver deste um país melhor.


Cito aqui um historiador que não me recordo, mas sua frase é excelente:


“[...] ao decidir por uma versão do passado, estará se posicionando no presente e propondo uma solução para o futuro.”


Por isso, precisamos ficar atentos a qual memória vamos manter vivas, se esses problemas políticos perseveram a tantos anos, talvez a nossa lembrança sobre a História esteja turva e nos faça esquecer da origem desse sistema fadado ao fracasso.


Não que antes de Campos Salles as coisas eram resplandecentes na política brasileira, a corrupção é um mal enfrentado desde a colônia.


A grande questão é que alguns momentos marcam a sistematização de determinadas práticas. E isso a Política dos Governadores fez muito bem.


Ela consolidou uma relação promíscua e dominadora entre poder nacional e autoridades locais, que depois reforçou uma prática já existente no Império, o Coronelismo, mas este é assunto para um próximo artigo.


Obrigado por ler até aqui e até o próximo!


Escrito por:


Luiz Ottoni - Professor de História formado pela UFMG e produtor de conteúdo educacional.

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